quarta-feira, 16 de junho de 2010

Mariposa
Me culpo. Me culpo por esse amor habitante em meu peito. Me culpo por ser inútil, não ter coragem e muito menos cara. Eu era só, meu coração estava exposto a parasitas, entre eles veio você. Não tenho a menor esperança, você nem sabe que vivo na Terra. O chupa-sangue suga cada gota de esperança que ainda escorre em meu coração quando passa por mim e finge não me ver. Creio que não me perceba. Quando sorri, sinto borboletas que se debatem e me resultam inquietação. Vou a sua casa, invadir-la com o mesmo direito que você teve de sucumbir meu eu. Caminhei, encontro a porta aberta, entro. Vou até ao seu quarto, as mariposas voltam a me atormentar com o bater de asas, é tudo mais forte do que penso. Entro em seu quarto, suas roupas estão em cima da cama. Me jogo! Aliso, cheiro,acaricio, é meu! Me viro, o porta-retrato. Uma mulher e você. Meus olhos claros se tornam rubros, a borboleta entrou em metamorfose e quer sair. Meu mundo vai ao chão, mas precisamente ao inferno, e com ele vai tudo que te pertence. Pego um isqueiro, em um descompasso, jogo o a cama. Fogo. Meus olhos continuam rubros, mas dessa vez, o lume se reflete em mim. É meu espelho da alma, apenas reflexo. A borboleta saiu, é o fim da metamorfose.
                                                                                                                           Carolina Cardeal


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