sábado, 22 de maio de 2010

Angústia.

Querida, lembra-te de quando andávamos nos campos de relva branca, nos fins de tarde no inverno? Dos passeios de canoa na lagoa atrás de nossa escola quando nos encontrávamos ás escondidas? Ah meu amor, quando você me olhou com olhos arregalados na primeira vez que te roubei um beijo. Éramos novos e o amor já nos achara. Lembro-me como se fosse hoje, de quando você me disse “sim” na frente daquela gente toda da igreja, que em sua maioria, só estava ali para atirar arroz no fim da nossa linda cerimônia. As lembranças me viam a cabeça, mas ela só me fitava, com um olhar pairado de quem não sabe nem quem eu sou. Sua cabeça já não alimenta o mais primitivo raciocínio. Achava eu, no inicio, que era apenas um processo de nossa velhice, que eu passaria pelo mesmo. Antes fosse assim, ela então se esqueceu de coisas que vivemos dos passeios, saídas, ruas, casas, de mim. Hoje ela me vê aqui do seu lado, sentindo a maior dor do mundo, não entende porque estou aqui. Os seus olhos cristalizados,  me assustam. Será que ela sabe em que mundo vivemos? Será que ela sabe que eu a amo, mesmo estando fora da realidade? A velhice castiga mais ainda e o tempo vai,



                                                                                                    Carolina Cardeal
              


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